25 março 2011

David Hume - a justificação do conhecimento e suas consequências

Hume defende que a justificação do conhecimento está nas impressões. Segundo Hume, este facto determina 1) a extensão do conhecimento e 2) que frases têm sentido. Para sabermos se uma frase tem sentido, o teste que terá de ser feito consiste simplesmente em ver se a proposição que ela exprime deriva de uma impressão. Imagina que tens a ideia de uma montanha X com neve. Perante isto, Hume faria a seguinte pergunta: De que depende e deriva essa ideia? E tu provavelmente responderias que deriva da experiência de ver (impressão visual) a montanha X com neve. (…) Segue-se assim que a proposição expressa pela frase "A montanha X tem neve no mês de Janeiro" pode ser verificável ou falsificável pela observação; e que a proposição expressa pela frase "Sinto uma alegria intensa quando tenho um 18 a Matemática" pode ser verificável ou falsificável pela introspecção.
Hume diz que ambas as frases têm sentido e podem exprimir conhecimento. E como são verificáveis ou falsificáveis pela observação ou introspecção, exprimem proposições empíricas. Mas para Hume há também frases analíticas como "Um quadrado tem quatro lados" ou "Um dia húmido não é um dia seco". Uma frase é analítica quando a sua verdade ou falsidade depende exclusivamente do significado dos termos nela envolvidos. A negação de uma verdade analítica é auto-contraditória, o que não acontece quando se nega uma frase empírica. Para uma frase não ser desprovida de significado terá de ser empírica ou analítica. A conclusão que daqui se retira é devastadora e tem um enorme alcance. Basta pensares em frases como "Deus existe", "O homem é livre e moralmente responsável", ou "A alma é imortal", para concluíres que as proposições expressas não são empíricas nem analíticas — pelo menos, assim pensava Hume. Logo, como o mesmo se passa com todas as outras frases metafísicas, segundo Hume, todas são desprovidas de significado. E como são desprovidas de significado, não podem exprimir qualquer espécie de conhecimento. A este famoso argumento de Hume chama-se "argumento antimetafísico". Na sua vida pessoal, Hume foi consistente com este argumento. No leito de morte, houve quem aguardasse ansiosamente a sua conversão. Em vão. Nesse momento extremo, manteve a doçura e serenidade que o distinguiam.
Faustino Vaz
www.criticanarede.com

23 março 2011

Existência de Deus debatida por filósofo e cientista













O Grupo de Filosofia, o Grupo de Educação Moral e Religiosa e o Departamento de Ciências Físico-Naturais do Externato Infante D. Henrique organizaram, a 16 de Março, nas instalações desta escola, um debate sobre o problema da existência de Deus, intitulado “Deus existe ou é uma invenção da mente humana?”. Participaram lado a lado neste debate um Filósofo e um Cientista: o Professor Alfredo Dinis, Filósofo e actual Director da Faculdade de Filosofia de Braga da Universidade Católica Portuguesa e o Cientista João Paiva, doutorado em Química pela Universidade de Aveiro e professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.A iniciativa foi destinada a alunos do 11º e 12º ano de escolaridade que colocaram questões pertinentes sobre o assunto, tais como a questão da existência de vida para além da morte, as provas da existência de Deus ou as relações históricas entre a ciência e a religião. Para João Paiva o problema da existência de Deus não é um problema científico, considerando que não há provas científicas da existência de Deus. No entanto, este cientista deu o seu testemunho como crente afirmando que “invento todos os dias Deus porque sou uma pessoa frágil”, não deixando de afirmar que apesar de crente “tenho sérias dúvidas que Deus exista”. Alfredo Dinis analisou a questão central do debate, considerando que se o homem inventou Deus também inventou as leis da natureza, porque “as leis do universo são invenções da mente humana”. Este filósofo e teólogo considera que a opção pela religião pode ajudar a compreender melhor o universo e ajuda as pessoas a “viver melhor”, considerando por isso esta uma opção sensata.

No final houve uma sessão de autógrafos dado que muitos alunos presentes no debate adquiriram o livro “Educação, Ciência e Religião”, de Alfredo Dinis e João Paiva, que pretende suscitar a reflexão e o debate sobre questões que se colocam na fronteira entre fé e ciência e são objecto de acesos debates em bases nem sempre objectivas.

21 março 2011

O que é o Cepticismo?

A perspectiva que nega total ou parcialmente a possibilidade do conhecimento. De acordo com o céptico, se bem procurarmos, encontramos sempre boas razões para duvidar mesmo das nossas crenças mais fortes. Há dois grupos de argumentos cépticos: o primeiro baseia-se nas diferenças de opinião, mesmo entre as pessoas mais conhecedoras; o segundo, baseia-se nas ilusões perceptivas. Há diferentes tipos de cepticismo. Uma forma radical de cepticismo é geralmente atribuída a Pirro de Élis (c.360 a. C.-c.270 a. C.), para quem devíamos suspender o nosso juízo em relação a todas as coisas. A resposta habitual a este tipo de cepticismo é procurar mostrar que é auto-refutante (ver AUTO-REFUTAÇÃO), pois se podemos afirmar que nada sabemos é porque já sabemos precisamente isso. Também DESCARTES procurou responder aos argumentos cépticos, mostrando que há pelo menos uma coisa que resiste à dúvida mais insistente: que existimos. Além do cepticismo radical há outros tipos de cepticismo que limitam o seu âmbito apenas a certas áreas. Este tipo de cepticismo parcial pode aplicar-se a aspectos metodológicos: empiristas, como HUME, são cépticos em relação ao conhecimento a priori do mundo (ver A PRIORI/A POSTERIORI), enquanto que alguns racionalistas duvidam do conhecimento EMPÍRICO. Mas também se pode dirigir apenas a determinado tipo de entidades: o conhecimento de outras mentes, a existência de Deus, o conhecimento do futuro, a INDUÇÃO (verPROBLEMA DA INDUÇÃO), o conhecimento de verdades éticas, o conhecimento do MUNDO EXTERIOR, etc. Sexto Empírico (c. 150-c.225) e Michel de Montaigne (1533-92) são dois dos mais destacados defensores do cepticismo. AA
Dicionário Escolar de Filosofia
Didáctica Editora

10 março 2011

Quarta-feira vamos discutir estas e outras questões!...



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A mecânica quântica induz a questão complexa sobre o que significa «ver» e «observar» cientificamente. Pessoas que dizem só acreditar no que vêem poderiam, provocadas pelo paradigma quântico, rever essa noção. O que é ver? É «tocar com os olhos»? É sentir? É perceber com inteligência, com a ajuda da matemática?

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Só acredito no que vejo? (...) O que aqui se questiona é se, no fundo, só a realidade daquilo que me é dado ver através do conhecimento científico é digna de crédito.

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Podemos dizer que o físico vê objectos ou realidades diferentes de acordo com a técnica experimental utilizada (sempre em ligação com uma determinada teoria), a qual constitui uma «rede» ou «grelha» de leitura de acesso à realidade física.

Educação, Ciência e Religião
Alfredo Dinis e João Paiva (pp. 77 a 86), Ed. Gradiva

DEUS EXISTE OU É UMA INVENÇÃO DA MENTE HUMANA?
DEBATE - 16 MARÇO 2011 - ALFACOOP - 11 horas
com Prof. Alfredo Dinis
(Universidade Católica) e
Prof. João Paiva
(Faculdade de Ciências da Universidade do Porto)

09 março 2011

A Origem das Ideias

O filme "A Origem" ("Inception") mostra-nos o poder da consciência, das ideias que criamos na nossa mente e o sonho como o outro lado da realidade. Don Cobb (Leonardo Di Caprio) é especialista em invadir a mente das pessoas e, com isso, rouba segredos do subconsciente, especialmente durante o sono, quando a mente está mais vulnerável. Cobb, acusado de assassinar a mulher, tem a chance de recuperar os filhos em troca de um último trabalho: fazer a inserção, plantar a origem de uma ideia na mente de um rival de um seu cliente.

Terá Descartes inspirado Christopher Nolan para a escrita do argumento e realização deste filme?

Programação das AULAS DE FILOSOFIA - RTP Madeira com o Prof. Rolando Almeida

Podes aceder às aulas de Filosofia da RTP Madeira, lecionadas pelo Prof. Rolando Almeida (na foto), acedendo aos links abaixo.  TELENSINO (R...